14/12/2009

Inspi(red)


Palavras enfileiradas em seus discursos de improviso.
Sobressaltos nos poucos passos dados em escadas breves.
Para o que há do outro lado, trancado a 3 chaves, delírios embebidos nos segundos de espera.

Às claras, respirar com vertigem frente a frente, derramando palavras, dizendo com os olhos, do silêncio que não é mudez.

Inspiração real e pronta. Labirintos cegos de fôlego curto.
Puro açúcar branco e preto.
Doçura venenosa de tão funda.

Antigo


E mesmo sabendo que já era dito, escrito, estendido em várias letras, achou que caberia bem repetir mais uma vez, para fazer valer: não gostava muito do calor dos últimos dias. Eufêmica, claro. Em linhas sinceras, diria que odiava muito o calor dos últimos dias.
Pensou que sem o sol, não haveria essa sede de beber os mares. Talvez sem o sol dos dias, findaria e dessa vez para sempre, esses súbitos vindos em maus sonhos. Nem pesadelos nem devaneios. Somente gestos atados e palavras esbravejadas no silêncio.
O sol dos dias invadia a sua casa, como se descobrisse-lhe o coração. Por horas, não coração. E suas declarações de ciúmes amargos, ódios vagos e estúpidos. O sol dos dias caia sobre os seus sorrisos de metáfora. Iluminava a pilha das cartas sobre as cartas. O sol dos dias, alardeava as lágrimas confessadas ou secretas. Lágrima de amor, calor e parabéns para você.

Ninguém lhe nega coração excelente e claro espírito, mas a imaginação é que e o mal - Metafísica.

Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há poucas outras coisas interessantes, mas era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho o papel; o ânimo é frouxo e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável. (Machado de Assis)

22/10/2009

Então,

que seja doce.

Sobretudo, agora e como não era há tempos, estava feliz.
Mesmo com o calor dos dias, estava feliz. Esqueceu, de uma vez por todas, e da forma como devia, das flores que nunca vieram, das taças que não dividiram, dos lençóis que não estiveram, e do beijo que repousou em silêncio. Agora, a felicidade, cintilava em seus varais. E ainda, lhe restavam as 6 vidas, que multiplicadas, seriam infinitas.
Os mais importantes, estavam todos ali. E a certeza de que eram únicos e suficientes, se eternizava nas canções, nos fast-foods, nas incontáveis bebidas alemães. Hoje, escreveria em m suas paredes, em vermelho, para não faltar a cor: Queridinho, sobre as pessoas especiais, já as encontrei. E além, assinaria com um obrigadíssimo em letras garrafais.
E afirmou que sobretudo, as palavras, ditas e imagináveis, para sempre seriam mais importantes que os números, porque assim já está feito, já é decidido. Nada mais importante que as palavras.
Estava feliz. Em superlativo.


"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce ." Caio F.

30/09/2009


Dessa ausência tão bem cultivada, talvez não me sobre nada.

São dias em que me perco em tudo o que me cerca. São esses anjos tristes perto de mim, pousados em minha janela como pêndulos de solidão. Enquanto mamãe toca piano no caos, recolho os nossos cacos pela casa, talvez sabendo que esses são para sempre e assim é o nosso fim. São todas as músicas e o caos.
Enquanto tomo o café sem as gotas de salvação, tenho saudades de tudo. Vovó, por que me deixou aqui, sem o seu terço de brilhantes, sem nem saber para quem rezar? E onde estaria o para sempre escrito nas linhas tortas daquela noite?
E o coração espatifado entre as lágrimas que já não posso contar, não responde.
Não me esbarro nos móveis e assim, me estranho: “Você adora esbarrar nos móveis – ele diz”. (E querido, sinto a sua falta. Continuo ensaiando a nossa canção)
Gostaria de picar o meu catálogo de erros. Costume antigo. Todos ilustres, bem postos, como figuras coloridas de coleção. Gostaria de calar todo esse silêncio embebido em minhas vozes magoadas. Gostaria de estancar essas súplicas destiladas, e não tê-las me bastaria. Confundo-as, palavras e lágrimas, as minhas palavras são as minhas lágrimas.

Não escondas as tuas misérias: podes ter segurança com aquele que gosta dos teus defeitos, porque aos teus encantos e qualidades qualquer um se afeiçoa.
(Héctor Abad Faciolince, Receitas de Amor para Mulheres Tristes)

É quando ouço papai dizer: Durma querida, logo passa.

29/08/2009

Muito Sentimental.

Eu gosto do nada - Nada que te leve para longe.

95.
Assim, puro e simples. Muito Sentimental.
Sentimentalismo esbarrando entre os móveis, evaporando através das cortinas. Estampando as novas almofadas. Alinhado nos milhares de cabides. Sentimentalismo envolto nos mal contados cigarros pláticos.
Lustrando as xícaras de café.
sen.ti.men.ta.lis.mo sm (sentimental+ismo) 1 V sentimentalidade. 2 Exagero do sentimento e dos afetos ternos. 3 Afetação nas demonstrações de sentimento. 4 Filos Doutrina que preconiza o princípio de que, no homem, existem sentimentos que são a origem das idéias morais. 5 Gênero literário ou artístico em que se nota o predomínio do sentimento, que, por vezes, chega ao exagero.
Pensou nos dias passados, na saudade do que não veio. Na angústia pelo que certamente não virá. EXAGERADO (amor da minha vida...). Sentimentalismo exagerado nos minutos entre linhas. Nas pausas do grafite. SENTIMENTALISMO entre os talheres, as toalhas. Sentimentalismo dentro dos frascos de perfume, enlacando as pérolas. Sentimentalismo. Sentimentalismo. Sentimentalismo.

Chorou chorou. Choro muito sentimental. Talvez fosse o travesseiro de plumas muito sentimentais. O Retrato muito sentimental. O Maltês Sentimental. EXAGERADO, ENFIM, MUITO SENTIMENTAL.

(E de telefone - SE DO OUTRO LADO É A SUA VOZ)

14/08/2009

Escritor Vagabundo

"(Às) As Eternidades Finitas
Meu gosto seria o de escrever um livro
os versos seriam curtos demais, simples demais
então antecipou-se a fadiga
infinita ao se pensar no esforço,
infinito da repetição de rituais,
infinitos em eternidades, finitas"

Por Thiago F.
(Inexplicavelmente, à primeira vista)

08/07/2009

6 vidas.


"Da primeira vez em que morri", posso me lembrar bem, havia pares de motivos para eu não estar ali. Para não estar naqueles passos. Motivos para continuar a noite entre as paredes comuns e um jantar qualquer. Mas não. Eu estava lá.
Da primeira vez em que morri, e agora, que poderia estar viva, gostaria de esquecer as palavras, esquecer o seu rosto, apagar as marcas invisíveis daquelas mãos.
Da primeira vez que morri, como poderia agora, que já perdi uma vida, esquecer-me?

Lights will guide you home And ignite your bones And I will try, to fix you.

19/06/2009

Onde estaria com a cabeça?

(Em Marte, certeza)
Trecho de algo escrito há 3 anos.

...O amor nasce. Ao mesmo tempo em que se atende ao telefone e seu sino de toque estrídulo, acelerador de corações, causador de guerras com móveis em busca do tesouro alô. Nasce em cafés, que jazem esquecidos em xícaras impercebíveis, em meio à voluptuosa dança de olhares que paira sobre os polos da mesa cruzados por um enlace de mãos. Nasce em meio ao insistir de acordes, que já não são mais violino e piano, somente inspiração. Nasce no congelar de sentido, onde toda a atenção dos olhos pousa sobre o carmim dos lábios, que ele resiste em não tocar e ela em não oferecer. Corpos enlaçados pela pressa da máquina de subir e descer, e ele nasce. Com cinco minutos de atraso ou outros poucos deles adiantados, o amor nasce. Nasce na morte do pagão ódio, ao se deparar com a misericórdia divina, no meio do caminho para a crucificação. No contestar da pretensão ridícula de profetas de corações mal-curadosm que instaura nos ouvidos de quem passa pelas esquinas, a barbárie de querer velá-lo a todo instante, o amor nasce.
O Amor Nasce. Jéssica C, 30/06/2006

(Intertextualidade do meu favorito, o Amor Acaba, de Paulo Mendes Campos)

Tenho que confessar. Tinha um professor de Língua Portuguesa, que até hoje, me irrita a lembrança. Um desperdício de oxigênio, neste nosso penoso planeta. Só me fez bem, ao expulsar-me da sala, todas as vezes. - Se lembranças pudessem se suicidar, garanto, essas já teriam feito. Pulariam do mais alto andar, dizendo em estrídulo: P, sempre te odiei. Adeus.

10/06/2009

e o nome amores.

Com o sol, pediu que saísse.
Que saísse da forma concreta. Pediu a providência cuidadosa de que retirasse tudo o que pudesse ficar como lembranças. Delas, bastariam as que já estavam pousadas sobre as toalhas brancas, os copos de vinho e os cinzeiros repletos. Para lembrar, bastariam uns dois ou três almoços, os instantes de silêncio após as canções. Bastaria o perfume instaurado em seus movéis, e isso tudo já era demais.
No congelamento que se fazia, pensou em colocar um disco, ensaiou uns gestos de dobrar lençóis. Não queria dizer o que sempre é dito, que de tudo, algo haveria de permanecer. Que iriam se falar, não esqueceriam os e-mails, e se esbarrariam, sem dúvida, entre os cafés e os semáforos. Preferiu o legítimo adeus em sua urgência absoluta, pedindo que deixasse as chaves sobre o criado e que aquele fosse o fim.
(Jéssica C.)
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(Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. - Fragmentos, Caio Fernando Abreu)
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03/06/2009

Valerá o pecado.

de Shakespeare.
Será que meu coração me engana?
É verdade o que vejo?
Jamais tivera visto tanta beleza até esta noite.
(Romeu, ao encontrar e apaixonar-se por Julieta)

Mil vezes boa noite (milhares).
Partir é uma dor tão doce que poderia dizer-te boa noite até amanhã.
(Julieta, ao despedir-se, apaixonada, de Romeu)

(é como estou em você, assim como para sempre, estará em mim)
Podia vê-la transbordar pelas cortinas, inundar as paredes, espatifar-se entre os retratos, sobre
o vermelho, sobre as pinturas já feitas e aquelas que ainda faltavam colorir. Estava posta entre as canções, os lençóis, instaurada em inércia dentre as milhares de palavras. Como se declarasse, em confissões uníssonas, que jamais iria partir. Não a deixaria.
(não durma)

29/05/2009

prosinha

Para Fernanda Gaseta
1- Do livro, Mil Corações Solitários, achou que poderia paracer-se com o seu, embora não fosse Mil, e nem tão Solitários assim. Depois pensou novamente, e achou que talvez não se assemelhassem em nada, posto que ela não mataria ninguém. Uma vez meteu os pés pelas mãos, quis matar o cachorro, pobre pelúcia inocente. E houve vezes, em que potencializou o verbo em frases de raiva. Várias delas. Se pudesse terminar com tudo, mataria ele, ela e aquele outro também, que você bem sabe... Se pudesse matar essa fila toda, pagaria o embrulho em 13 minutos, visto que são 13 pessoas e faria tudo de forma breve... Mas de verdade, aquela verdadezinha que se enconde mas não se extingue, de verdade, não mataria ninguém. Nem o cachorro,vejam só, conseguiu enforcar.

"Tem horas que eu fico soluçando, só de pensar. Acho que a gente soluça quando o pensamento atropela a respiração.
E aí a respiração sai do ritmo, fico soluçando, demora para voltar, ainda mais quando eu penso, penso na vida sem conseguir parar nunca. Só posso conversar com você, que é da minha idade".

Fragmento 15, página 47. Mil Corações Solitários, Hugo Almeida.

21/05/2009

Neblina, propósito e anestesia - 2.

"São atos estranhos à razão, dos quais só pode desculpar-se o delírio".
(página 40)
"E assim, lhes surgem os irremediáveis infortúnios, os ódios irreconciliáveis e as afrontas que levantam as campas, encerram algozes e vítimas e ficam ainda de pé sobre as louças inflamadas".
(página 25)
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(de Salvação, Camilo Castelo Branco)

10/05/2009

e quantas ainda lhe restam?


Posto que, dentre todas as coisas do mundo que desejamos, há o que jamais virá e o que não irá perdurar, visto que por hora mínima, até os sentimentos de fontes secas, nos parecem ser incontroláveis. E por último, e por sua vez mais importante, há aquilo pelo qual irá valer cada instante da espera.

(Olhar, quando já não se acredita no que se vê.
Não se querer nada além do que está à nossa volta - CFA)

19/04/2009

Vermelho.

Juan: What do you want?
Cristina: I want something different.
Juan: What?
Cristina: I don't know, not this.
Juan: There's no answer, Cristina...
Maria Helena : Antonio no lo entiendes que no ha conseguido lo que queria, quiere otra cosa, que esto ja no le basta, que es como una efermidad, que nunca le va bastar con nada!
Cristina: Don't get so upset, please.. and can you speak english please? I can't understand you.
Maria Helena: Esta niña nunca le va bastar con nada.
Juan Antonio: Please speak in English.(...)
Maria Helena: Como lo sabia! Como lo sabia!
Juan Antonio: Speak English, please, so she can understand all right?
Maria Helena: Chronic dissatisfaction, that's what you have. Chronic dissatisfaction. Big sickness. Big sickness.

(aceitava sofrer como um componente da paixão e se resignava a pôr em risco seus sentimentos e - o que você quer da vida além de um homem com a cueca certa ?)
(Vick Cristina Barcelona)

Fascínio.
Não somente pelo vermelho e por ser latente em cada instante. O fascínio está em razão de ser o amor de tão difícil definição. Fascínio por dilatar que o amor requer o equilíbrio perfeito. Sem que este seja conhecido. Como se de algum modo, a perfeição pudesse caber entre as esferas do provável, do possível e do imaginável. Aquilo que fabulosamente se deseja. É a inquietação crescente e inevitável, da qual (em primeiríssima pessoa) tenho pavor, mas conheço muito bem.
É brilhante aos olhos, brilhante aos ouvidos.
Obrigadíssimo.

10/04/2009

Por que todas querem André Martins.

Para um grande amigo
E se por um minuto, todas elas pudessem resumir em um nome, todos os objetos de desejo, este seria: André Martins Guimarães.
Boas fotos em preto e branco, boa escrita, e pronto. Paixão-instantânea-aguda. Em último grau. Depois dos discursos sobre o assunto comum, disparam todos os sintomas que dilatam o sentimento. Os livros prediletos e os trechos que se auto escrevem em nossos pensamentos. A banda, favorita, a canção eterna que passamos a gostar como se há muito fosse conhecida. M-A-Y-B-E T-O-M-O-R-R-O-W. O filme fantástico, o esporte das bolinhas amarelas e principalmente o seu time de coração.
Em azar puríssimo, aquelas que podem ouvir a boa voz e sentir a boa pele talvez se condenem a um martírio inigualável. Depois do abraço, o peito dói como em doença quando não há resposta, quando o telefone não atende, quando disparam todos os clamores de saudades em seu disputado painel de declarações.
Magnético. Todas já sentiram e haverão de sentir saudades de André Martins. Algumas por se lembrarem do primeiro beijo na porta do restaurante, na calçada, nos primeiros minutos do novo ano. Outras, sentem falta das incríveis e quilométricas conversas em madrugadas quaisquer e por angustiarem-se na dúvida se o que é maravilhoso existe. Unânime é que todo o encanto já possui um lugar só dele. E por mais que a fábula se encerre, ou que toda a distância se evidencie... Por mais que se afastem, se casem, tenham filhos. E mesmo que se esqueçam, para sempre irão se lembrar dos dias em que eternamente amaram André Martins.

02/04/2009

25 dias depois.

O que diria então, para os olhares que estariam por vir?
O que lhes diria em frente a todas as perguntas, posto que em ato de antecipação da dor, poderia prever todas elas, disparando, ferindo, torturando. Não lhe cabia escolha. Já sabia, que o que lhe restava para todas as desculpas, primeiro as inevitáveis, depois as imagináveis era o perdão duvidoso.
Como conformar-se com a fraqueza inarrável? Como conformar-se em não ser forte para afrouxar os nós, impedir a queda, fechar o corte? Como se fez o egoísmo tão presente, para irreversivelmente cegar-lhe os olhos do coração? Fechar-lhe as janelas para o que era tão vizinho? Como pode não ver que aos centímetros próximos restava o nada. Nem dor, nem amor; foi tudo varrido.

Chorou.
Desmereceu-se. Odiou-se em incontáveis formas. Odiou-se na forma máxima do sentimento.
Chorou e chorou. Inundou as próprias horas em inigualável dor, remorso, medo.

23/03/2009

C.C.B.

De Perdição
Chorava, chorava! Assim eu lhe soubesse dizer o doloroso sobressalto que me causaram aquelas linhas, de propósito procuradas, e lidas com amargura e respeito e, ao mesmo tempo, ódio. Ódio, sim... A tempo vereão se é perdoável o ódio, ou se antes me não fora melhor abrir mão desde já de uma história que me pode acarear enojos dos frios julgadores do coração, e das sentenças que eu aqui lavrar contra a falsa virtude de homens, feitos bárbaros, em nome da sua honra.
.
De Salvação
Além de que a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas: é idílio de curto fôlego; no sentir intraduzível da consciência é que ela encerra epopeias infinitas - enquanto que a desgraça não demarca balizas à experiência nem à imaginação.
Para o amor maldito, duzentas páginas; para o amor de salvação; as poucas restantes do livro. Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas seria uma fábula.
.
"Inevitável. Já não lhe adiantava insistir em negar por todas as vezes. Era repetido, incansável e latente. Desta vez, não havia provérbio chinês que lhe coubesse, não possuia fragmentos que lhe bastassem. Suas linhas já estavam gastas. E o que lhe foi previsto, desde o início, agora se fazia declarado. O estrago anunciado agora se fazia confesso."
"Duzentas Páginas"

12/03/2009

Muitos dias, meses, anos depois (ou Da Vinci no solarium)

Nono andar. Oitavo andar. Sétimo Andar. Nunca soube por que o painel tinha o número zero, se usualmente jamais seria dito Zero Andar. E decidiu, ali, com certeza haveria de estar a letra T. Térreo. O número Z-E-R-O era quase um absurdo, pairava as impressões de uma ofensa.
Estava de fato, surpresa.
Entre os primeiros minutos, aquele espécie de lugar-comum entre dois que passaram tempos equivalentes a quase-séculos, sem nenhum encontro. Em nenhum grau. Faróis. Restaurantes fast-foods. Festas mais esperadas. Paradas pela paz nacional. Filas de supermercado. Estacionamentos. Desde o dia de que já não se lembram, não mais se viram. Também vou muito bem, obrigada. Exceto os cabelos você continua igual. Qual é mesmo a data do seu aniversário?
E as palavras, como sempre, dispararam. As palavras sempre disparam. E depois das escadas, puderam disparar no mais alto de tudo ali.
O azul não era perfeito, são muitos os livros que narram aos pares um azul em melhor tom.
Eram apenas duas estrelas, uma lua apagada e sua aura imensa.
Entre a escolha da melhor perspectiva e a afirmação de que, verdadeiramente, ela podia enxergar melhor, lembrou-se de tudo, imediatamente. As camisetas verdes. São Paulo e o lugar mais bonito de suas vidas. As flores. O terno e a timidez inesquecível.
Não devíamos ter nos afastado.
Desculpe, tenho que acordar cedíssimo. Culpa da dependência no último ano.
Boa noite.

Ela sabia, que haveriam palavras e verbos para todas as estrelas que não estavam ali, mas não há argumentos que disputem com o terrível desafio de acordar cedíssimo

Sim, não deveriam ter se afastado.

07/03/2009

em primeira pessoa.

Quem é você pra me chamar aqui se nada aconteceu?
Me diz, foi só amor ou medo de ficar sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher? Você me parecia tão bem.
A chuva já passou por aqui, eu mesma que cuidei de secar.
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV que eu vou de vez.
.
"Não há porque chorar por um amor que já morreu"
.
(Entenda-se como um desejo de boa viagem. Boa viagem, boa sorte. Bons cafés sem a minha insitência na canela. Bons filmes sem àgua com gás. Bom almoço sem o meu prato vegetariano. Bom jantar sem os meus guardanapos escritos. E sim, eu sentirei a sua falta, querido)
The end.

01/03/2009

Porque inflamar é melhor que durar?

Mantenha seu amor trancado.
(Inatingível, inabalável)

Por quanto tempo você esperaria? Por toda a vida.

24/02/2009

Sobre 24/02 e Soneto de Véspera


No início, achou que poderia ser apenas cansaço e que talvez dormir por horas afastasse todo o mal que lhe afligia. Mas não resolveu. Desejou então, dormir por dias, dias e noites e mais alguns dias.
Nada resolvia. De nada adiantava ignorar tudo lá embaixo. As pessoas, os carros, e mais uma vez, os trens e os trilhos. Nada resolvia.
Nem mesmo o retrato vermelho, nem todos os cafés e a mesma canção favorita. Nada parecia tranquilizar o seu coração aflito.
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?
(V. M, Oxford 1939)

Odiou mais uma vez todo o calor dos últimos meses.
E jurou que se fosse por ela, e para ela somente, todos os meses seriam de inverno. Frio em todos os dias e noites, neblina em todas as suas manhãs.

15/02/2009

I.E.E.

Não sabia o que falar.
Depois não soube o que escrever.

Em todo, eram só os pensamentos, novamente em chamas.
Em instantes lembrou mais uma vez de tudo o que lhe fazia falta, por sua singularidade. Por ser inesquecível. Pensou em chamar novamente, pensou em dizer tudo. Pensou que talvez não houvesse nada mais a ser perdido. Já que de tudo, o que restou lhe parecia sempre inerte: Desejo imensurável, específico. Excessivo.

"É preciso saber esquecê-las, quando são muitas, e ter a grande paciência de esperar que retornem por si. Pois as lembranças em si ainda não não o são. Só quando se tornarem sangue em nós, olhar e gesto, sem nome, não mais distinguíveis de nós mesmos, só então pode acontecer que numa hora muito rara se erga do meio delas a primeira palavra de um poema" (OS CADERNOS DE MALTE LAURIDS BRIGGE - Rainer Maria Rilke, 1910 - Sonho de consumo ou o livro que eu ainda não li).
(-Boa noite, caso você não consiga dormir, me ligue.
COMPLACÊNCIA– Não, você não irá escrever sobre isso.
-Só recebi agora a sua mensagem ... Dormindo? 16/06/2008 - 03:10)

07/02/2009

Sentimentos próprios em composições alheias

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem

Quem vai transformar a perda em nossa recompensa?

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade de um tempo que ainda não passou
Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio, acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra. Sussurre em meu ouvido - O caos do pensamento.
A pausa do retrato
A voz da intuição
A fórmula do acaso
O alcance da promessa - O salto do desejo.

"Não conseguia entender-se nem equilibrar-se, chegou a pensar em dizer tudo".
"- Vou-me embora, repetia... E essa oração intercalada trazia uma ideía original e profunda inventada pelo céu unicamente para ele".
"Sem que ele(a) pudesse acalmar-se nem entender-se. Não estava bem em parte nenhuma".
(M.A. Várias Histórias / Uns Braços / página 27)


04/02/2009

Sobre 03/02

Seu olhar em 3 segundos.
Sim, talvez fora melhor não ter saído aquela noite.
Decidiu que não gostara da forma que seus olhos a viram.
E repetiu a noite toda, durante a chuva e depois dela, dentre outras coisas latentes: eu não gosto da forma como me olha, eu não gosto..."


Eu não me esqueço do seu olhar.
"É bom dizer, em voz alta: nada aconteceu. Mais uma vez: nada aconteceu" (Rainer Maria Rilke, poeta tcheco-austríaco)

15/01/2009

Parabéns pra você.

E talvez não houvesse outra razão para os meus dias mais felizes, do que a sua presença ao meu lado NickoolsBoy. E talvez não exista uma dor maior do que esta, que me corrói a alma, me dilacera o coração e que me faz chorar todas as noites por terem nos separado. Eu ainda não me acostumei a não ter-te sempre aqui, disputando meu computador, meus filmes, meus telefones - é o seu namorado- é a Lila - é a Re-é a Mel. Não me acostumei com a sua ausência nos meus almoços de domingo, nas minhas noites de sábado, onde eu trocava tudo para poder fazer o seu brigadeiro e te ouvir cantar, qualquer uma, das sua milhares de musiquinhas. Sinto falta das nossas frases combinadas, das nossas brincadeiras absurdas, das nossas horas e horas em frente a tv - Jejé, tem sucrilhos com danone? Miojo? Vamos a locadora, vamos ao supermercado, vamos ao shopping, vamos caçar joaninhas. Ni, vamos até a casa da Lila, mas nada de agarrar ela DE NOVO, tudo bem? Saudades de andarmos de mãos dadas pela rua, como se de fato, fossemos irmãos como você vive a dizer: Jéssica Camargo e Nickolas Camargo.
Eu sei que pode ser que demore algum tempo para que o nosso amor vença aquilo que nos separa. Mas nada neste mundo se faz mais forte do que ele: o nosso amor. (Vai Nii, diz para mim... - Eu te amo muito, Jéssica linda, agora poe o Carros para eu assistir)
Parabéns, minha razão.
Meu maior motivo.

12/01/2009

(sexta-feira) 13.


"Aquilo que verdadeiramente nunca fez-lhe bem, também não deverá por nenhuma razão fazer-lhe mal."
I'm walking after you (another heart is cracked in two, I'm on your back)