23/12/2008

e boa noite novamente, pois o dia só termina quando a gente dorme, e só começa quando a gente acorda

Diluídas entre tantos litros, as lágrimas entre as escadas e o nono andar, fluíam ininterruptamente, como um único e infindável murmúrio. Primeiro a cor preta, depois os números e pronto, arrependeu-se infinitamente de ter saído naquela tarde. Pensou mais uma vez no cuidado que há de ter-se com o que se deseja. Agora, todo o seu desejo já era maior que tudo ali podia suportar. Lembrou-se dos instantes sublimes daquela noite mais fria, ele em um azul que ela nunca gostou realmente, o bilhete das letras pequenas e o perfume que vez ou outra, insistia em entrar pelas janelas, se confundir entre os lençóis e continuar a entorpecê-la. Pensou no que faria com aquele último beijo, posto que foi dado sem que os lábios soubessem que seria propositalmente inesquecível. O último beijo que perpetuamente a fez querer tê-lo sempre ali, ao alcance, mais próximo e sempre perto, para os outros milhares de beijos que continuam por esperar outra chance.
Sim, mais uma vez era o mesmo nome saltando entre as letras do livro que tentou ler para que pudesse esquecer, e da canção que jurou não mais ouvir, para que nunca se lembrasse novamente. Porque lembrar-se de tudo, palavra por palavra, telefone por telefone, madrugada por madrugada, abraço por abraço, promessa por promessa, era o que continuamente lustrava o desejo que jamais repousava.

“Não te quero por ti, nem por mim, nem pelos dois juntos. Não te quero somente por que até o sangue me faça te querer. Te quero porque tu não és minhas, porque tu estás do outro lado. Porque no mais profundo de tudo, tu não estás em mim e eu não te alcanço.” ( O livro)

I cannot be without you, matter of fact. I'm on your back. ( A canção)

00:08 21/12/08

17/12/2008

Tempos de Cólera.

" Rogou a Deus que lhe concedesse ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto ela o amara por cima das dúvidas de ambos e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo para que se dissessem tudo que tinham ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivessem feito mal no passado.
SÓ DEUS SABE O QUANTO AMEI VOCÊ."

10/12/2008

antes que você troque a canção.

"Somos um breve pulsar, em um silêncio antigo com a idade do céu."
Calma. "Tudo está em calma".
"Não se ama por acaso
Ama-se por amor.
Aqui, ama-se um pouco mais todos os dias, sempre ligeiramente, mais acima, como se o Norte fosse a caminho das nuvens"


09/12/2008

sobre o que me faz bem e o que é inesquecível.

Sui generis significa literalmente "de seu próprio gênero", ou seja, "único em seu gênero". Usa-se como adjetivo para indicar que algo é único, peculiar: uma atividade sui generis, uma proposta sui generis, um comportamento sui generis, um noite sui generis.

Somos maiores.
-alcoolizados - sinceros e maiores.

27/10/2008

sobre rimas e canções

"Não rimarei a palavra sono
Com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
Ou qualquer outra, que todas me convêm.
As palavras não nascem amarradas,
Elas saltam, se beijam, se dissolvem,
No céu livre por vezes um desenho,
São puras, largas, autênticas, indevassáveis."


"Eu te juro, de daria, se pudesse esse amor, todo dia"
"Invadir a porta da sua casa, lhe dar um beijo e partir.

(Stella para sempre)

16/10/2008

Eu juro.

"- Sabe a garota do copo d'agua?
- Sei.
- Parece distante, talvez seja porque está pensando em alguém.
- Em alguém do quadro?
- Não, um garoto com quem cruzou em algum lugar, e sentiu que eram parecidos.
- Em outros termos, prefere imaginar uma relação com alguém ausente que criar laços com os que estão presentes.
- Ao contrário, talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
- E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?"
(O Fabuloso Destino de Amelie Poulain*)
*Maio/2008

06/10/2008

Chora,chora.



"O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo."
(
Honoré de Balzac)


E contei: Três litros de lágrimas ressentidas.
E decidi que já era hora de lembrar-me, e de uma vez por todas, que sempre detestei os beijos de adeus e os instantes das despedidas. E que evitá-los, sempre foi de menor dor. É melhor que assim volte a ser.
"Às vezes quando nos chega a sabedoria, ela já não serve mais
para nada."

24/09/2008

página 1

Não somente o trem, mas tudo lá fora passou a me incomodar.
Depois de vários cafés e uma mesma canção, olhei para ele e senti o primeiro maior ódio da minha vida. Em um súbito, o acomodei em meu colo e pensei nas tragédias que a sua presença ao meu lado todas as noites me causou, e assim, o odiei ainda mais. O seu perfume ainda era o mesmo daquela noite em que chegara com o absurdo mais estranho que já me foi proposto. Lembro-me bem de ter agradecido ao telefone, mas também os telefones são os causadores desta lástima. Portanto, eu os odeio. Todos eles, os meus, os dele e principalmente os dois juntos. Eu não sei ao certo qual seria o meu estado se não tivesse eu, atendido as ligações das minhas mal dormidas madrugadas. Eu também não sei se estaria assim, se tivesse recusado ir até a janela, vê-lo chegar e partir, naquela sexta que antecedeu o sábado das meias pretas. E principalmente, não sei o que escreveria se não tivesse absurdamente trocado a minha inteligência por últimos beijos que não foram dados. Cuidadosamente, levantei com o desejo já latente, fechei a porta com aquele modo estranho de fechar-se portas. A imagem do primeiro encontro e a sua camiseta branca era tão nítida, que aparecia em minhas paredes. Senti então que era o fim. A hora de partir. Com as unhas em um carmim puríssimo, fiz o nó pela última vez. Primeira volta. Segunda volta. E fechei os olhos, enquanto a canção se repetia novamente. “Tonight I'm tangled in my blanket of clouds”.
Segundos depois, desfiz o nó em desespero, como se pedisse aos céus para que meu erro fosse remediado, pois no instante do terceiro verso, me pus em arrependimento. Entendi que não podia matá-lo e que não era a hora de Alfred morrer.

para que o sublime não seja esquecido

Sobre Neblina, Propósito e Anestesia
Olhava aqueles olhos de encanto surreal e desejava continuar vendo-os durante todo o dia que anunciava-se com o sol aturdido em neblina. Eu sabia que de fato, era real, notável e que estava ali, ao alcance das mãos. E inegavelmente, não me cansava de olhar.Todas as músicas se misturavam em meus ouvidos, todo o perfume embriagava os meus pulmões e o pensamento destinava-se ao desejo...
Bom dia.Abraços.Jéssica.BoaNoite.Pijama.MilharesDeles.

11/09/2008

sobre a maior dor, novamente

Eu lembro de todas as vezes em que curiosamente era eu que dormia no seu colo. Me lembro de todas as 6587 vezes que eu tive que assistir o Relâmpago Mcqueen... lembro de todas as vezes que você me perguntava sobre as estrelas e de todas as repetidíssimas vezes que você sumiu com o meu violão... Me lembro de todos os dias que seguiram o dia da “super-bicicleta-nova” e também dos dias em que você insistiu para que eu devolvesse aquele seu terrível uniforme do palmeiras. Lembro de todas as idas a todos os shoppings possíveis e de todas as camisetinhas de listras. Lembro das nossas frases ensaiadas e de todos os nós que você fez em meus cabelos. Lembro das mordidas e dos apertos apertados. Todos eles. Me lembro da músiquinhas que a gente cantava e de todos os 10850 litros de iogurte com sucrilhos. Lembro dos superchinelinhos do Batman e de todas as vezes que você tentou contar nos dedinhos as pintinhas da Jejé. Jamais esquecerei todos os “EU TE AMOO... MUITO!!!” e principalmente do “PORCO ARANHA, PORCO ARANHA, PORCO PORCO E MAIS ARANHA... CUIDADO ELE É O PORCO ARANHA.

EU QUERO VOCÊ DE VOLTA.

TEREI VOCÊ DE VOLTA.

02/09/2008

sobre os últimos dias

(...) afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo,
já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer
muitos rodeios para chegar a qualquer parte (...) - Página 226
(...) Se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar (...) Página 86
(... )Quer dizer que temos palavras a mais, Quero dizer que temos sentimentos a menos, Ou temo-los, mas deixámos de usar as palavras que os expressam, E portanto perdemo-los (...) Página 277
(Trechos de Ensaio sobre a Cegueira, do português premiado pelo Nobel, José Saramago)

Ensaio Sobre a Cegueira pode ser considerado como a obra-prima do pós-modernismo lusitano. É digno de sublinhar-se o propósito de convencimento de Saramago a partir da construção minuciosa de um romance belíssimo e pleno que torna verossímil o quase absurdo que propõe. O fio condutor do (mais uma vez), romance turbulento é a exemplaridade trágica da cegueira, que acomete a cidade como situação extrema de uma realidade adversa. Trata-se de uma cegueira branca, que ilumina em vez de lançar nas trevas os que a contraem, é o símbolo da perplexidade discursal, que sobretudo, é metafórica e poética. Sua citação máxima (ao meu ver, claro) está em: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara" – no qual o último verbo da epígrafe, pode e deve ser interpretado com uma plurissignificação: fixa a atenção, observa; corrige, remedeia e, sobretudo, recupera.

18/08/2008

complacência e isotretinoína

fragmentos nº2

Atravesso a noite com um pensamento (Y) contínuo e que não se resolve.
É como um verso desacompanhado de sua melodia. Latente e incansável.
Nada funciona. Os sinos, os trens e os trilhos, as luzes, os carros lá embaixo. As madrugadas e os telefones. Nada resolve. É um novo mal lugar disso tudo. "A alegria e a dor não vêm por si; respondem ao chamado dos homens", diz um outro provérbio chinês.

Enquanto algumas coisas mudam tanto e a toda hora, outras ainda continuam intactas.
Imóveis como riscos na parede ou relógio sem pilhas.
Todos os desejos, que aos pares desfilaram depois das escadas, ainda estão aqui, por esperar e esperar. Por uma nova noite. Outra delas, que não seja somente dos verbos. Com maiores pausas entre as frases, as sílabas e as palavras. Pausas dos beijos de estar, os de ir e os de vir.

Todo o sentimento (como este), que não busque a sua razão em todos os segundos, não pode assim ser chamado. É apenas um emaranhado limitado, que deterioriza a fonte fazendo-a secar. É melhor que não seja proclamado.
(F. Y. - You remain my power, my pleasure, my pain
...like a growing addiction that I can't deny)

20/07/2008

duas canções e uma noite.


Hello, I've waited here for you... Everlong.
If everything could ever feel this real forever ?
If anything could ever be this good again?
The only thing I'll ever ask of you. You gotta promise not to stop when I say when.
"She sang..."
(Everlong - Foo Fighters e o que a Aline cantou o tempo todo)
.
nº 2
At first I was afraid
I was petrified
I kept thinking I could never live without you by my side.
(I will survive - roupa de casamento?)

14/07/2008

(J)

Driblo a minha fé.
Às vezes quando nos chega a razão, ela já não serve para mais nada.

"Te escrevo este bilhete curto, para que saiba que te amo"
"Rogou ao Céus que lhe concedessem ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto o amara por cima das dúvidas de ambos, e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo, para que se dissessem tudo que tinham ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivessem feito mal no passado."
"- Só Deus sabe o quanto amei você."
"Mas era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado."

Trechos do Livro "Amor em Tempos do Coléra", por Gabriel García Marquez. Uma das obras mais importantes e conhecidas do autor colombiano, chega a ser um de meus romances favoritos. Uma saga épica que equilibra delicadamente, doses entorpecentes de uma amor (impossível, é claro) e de tragédia. A versão cinematográfica revela-se (a mim), como uma produção memorável. É belíssimo e digno de todo o encanto. Vê o amor como a razão plena de toda a existência: uma perspectiva surreal. Inclui a máxima: Quanto tempo você esperaria por seu amor? (Para sempre).

(Razão deste post: Palavras que mexem com o barril do pólvora plantado no alto da minha torre de marfim. São as minhas peças em chamas, cruzando os ares em contramão)
00:24

16/06/2008

(G)

fragmentos pós-prova.
-Não posso pretender pensar bem. Fórmulas, surpresas de expressão (tanta coisa para sonhar, tinha que ser uma bicicleta?), muitos dispersos pelo grande escoamento do Imaginário. Estou no mau lugar disso tudo, que é o seu lugar iluminado: "O lugar mais sombrio, diz um provérbio chinês, é sempre embaixo da lâmpada".

- de palavra em palavra me esforço para dizer o que é repetido e latente. É impropriamente próprio do meu desejo. Descrever a fascinação nunca deve ultrapassar este enunciado "Estou fascinadA" (Estado inusitado onde se acham embriagados o fim glorioso do impedimento, o obsceno da tolice e a explosão do enclausurado).

- Ouço um dizer incansável. Esse gênero não é viável. Mas como avaliar a viabilidade? O que é inviável é um bem? POR QUE INFLAMAR É MELHOR DO QUE DURAR?

(for you)

13/06/2008

- um soco na mente


Só depois de perdermos tudo, é que estamos dispostos a qualquer coisa.
(Tyler em Clube da Luta)
.

27/05/2008

sobre a minha maior dor.

Pode chamar de meu homem-aranha
O que existe aqui, por mais que INSISTAM EM NOS SEPARAR, já é eterno.
Um tesouro sem proporção de preciosidade. Como todas a vezes que ele olha no céu e diz: Se tem estelinha nom "vove"...se nom tem estelinha "vove"... Todas as vezes que corre para atender as ligações " Alô quem é???"As vezes que eu tento explicar que almoço é quando tem sol, jantar quando tem lua. Aiaiaia Jéjé... você vai me morder de novo? Tô bunito com essa buzza???Todas a vezes que me acorda no berro, que muda insistentemente a estação do rádio.Que insiste em jogar o joguinho do MOCOTEIRO. E mesmo que as vezes você fique bravinho... como quando eu te enfio no chuveiro de roupinha e tudo e pelas vezes que eu corro pela casa gritando pq vc desligou o modem e caiu a minha internet... eu te amo, eu te adoro, eu te respiro. Por você eu durmo, acordo e SAIO PRA COMPRAR ALL STAR N.º 27. Em todas as artes, todos os desenhos... todos os instantes.Te amo PARA SEMPRE.
(muito triste sentir a sua falta).


23/05/2008

Sobre neblina, propósito e anestesia.


Olhava aqueles olhos de encanto surreal e desejava continuar vendo-os durante todo o dia que anunciava-se com o sol aturdido em neblina.
Eu sabia que de fato, era real, notável e que estava ali, ao alcance das mãos. E inegavelmente, não me cansava de olhar.
Todas as músicas se misturavam em meus ouvidos, todo o perfume embriagava os meus pulmões e o pensamento destinava-se ao desejo de firmar o corpo e não permitir que desabasse ali, de tão hipnotizada, toda a minha morada.

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18/05/2008

18/05/2008 (sete meses e sete dias depois)

Vinho e um diálogo ao amanhecer
(e): Você nunca teve uma noite tão estranha, não é?
(a): Depende do que você considere estranho.

Injetado na memória, desejável nos dedos, inquebrável na voz. Improvável como todos os meus sonhos novos. Tão surreal como o farol de uma maré rasa. É toda essa impossibilidade que me desafia e que me impede de recusar.

(Run and tell all of the angels.
This could take all night- Foo Fighters e o assalto que mudou a história.)


.

11/05/2008

o sono e o descanso do poeta.


Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. (C.L)
Depois de encontrar-me ali, lapiseira e papel, todos os passos a minha volta, passam a correr despercebidos. É como se houvesse somente os sonhos do meu próprio relógio, embalando em sonata a minha inspiração.
Não me lembro ao certo de onde vem exatamente essa paixão de estarrecer os meu nervos. Confesso também que qualquer lugar é lugar, e que elas, as minhas idéias, são tão repentinas e rebeldes que não suportam esperar. Desatinam a aparecer tortuasamante sem pudor de hora ou de ambiente.
(Você escreveu aqui na mesa? Já disse várias vezes a Marília - que não é de Dirceu)
Fato é que a princípio elas surgiam nas minhas agendas coloridas e pesadas, nas quais não passava um dia sequer sem escrever. Nesta época a lapiseira também não era tão essencial. Qualquer cor era cor. As agendas, ainda persistem, mas hoje já não são lugar-comum. Hoje são agendas em sua expressão real. Compromissos, anotações diversas e cruéis. Prova de Sociologia na próxima terça.

Ainda não consigo escrever diretamente no computador. Prefiro também as folhas recicladas. Grafite 0.7.

Escrever anima os ares entre as minhas paredes. As palavras sustentam meu pensamento e me são absolutas e necessárias. Da mesma forma que a música sustentam meu espiríto, a palavra sustenta toda a minha morada.

Eu só poderia amá-la.

Bem-aventuranças*


"Bem-aventurados sem limites aqueles que, por estes meios, se encontram livres das limitações do egoísmo.
E, finalmente, bem-aventurados aqueles que desfrutam prazer na contemplação do que é profundo e realmente verdadeiro neste mundo e na nossa vida nele.”


(BUDA)

23/04/2008

para a pessoa certa, no lugar errado.

Só há um princípio motor: a faculdade de desejar.

( Por você também faria um livro, pintaria um quadro. Escreveria seu nome em vermelho em todas as minhas paredes brancas. Quilômetros são apenas uma extensão de centímetros.)









*

"Não se ama por acaso.
Ama-se por amor.
Aqui, ama-se um pouco mais todos os dias, sempre ligeiramente mais acima, como se o Norte fosse a caminho das nuvens"



Jéssica C.


20/04/2008

Página nº 193

O que você acha do amor, Padre?

O amor é o que move o mundo.
O amor acredita em tudo.
O amor espera tudo
O amor suporta tudo.
(Eça de Queirós - O Crime do Padre Amaro)

19/04/2008

O Amor Acaba - Por Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente,


ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela
esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das
unhas;


na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo;

às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter
existido;


mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

*


Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.



Gabriel García Marques, escritor colombiano, em Memórias de Minhas Putas Tristes.

(lido em Agosto de 2007 - O MELHOR LIVRO)


(Jéssica)

05/02/2008

Não durmo.


A madrugada desperta um príncipio e um fim.
Uma ansiedade que me perturba a alma. Me desassossega os dedos.
Me desperta em formas e fantasmas. Letras e canções
(Jéssica nº 4)

04/02/2008

Nostalgia ou arrependimento.

Pronto.
Bastou essa chuva, em pleno carvaval para me pôr novamente em estado alfa...
Beta, gama, delta... já que eu posso estar em vários estados de uma vez só.
Rever uma amiga antiga me fez muito bem. Lembrei de tantos outros, que dividiam o bombom comigo e hoje desfilam com seus dreads, com seus novos “modos”, suas novas canções . E ainda sim, com as milhares de sardinhas na bochecha... que a gente vivia a contar. Posso escrever no seu caderno? Rs... era isso que eu pedia e fazia a todo tempo... escrevia no caderno de todo mundo.
Lembro das nossas roupas, lembro das minhas constantes tranças. Da volta das aulas... As nossas mochilas de rodinhas e aquele sol que se algum dia eu puder ver de novo, reconhecerei sem dúvida, no primeiro instante.
Certo mesmo é que eu não deveria ter me acostumado com essas idas e vindas constantes. Essas despedidas que nos ocorrem a todo tempo, sem que a gente se dê conta de que algumas coisas vão, para simplesmente nunca mais voltar.
E desta vez admito que essa despedida me inquietou. Por muito tempo.


Quando era só um plano, chegava a ser divertido. Nós imaginávamos as
paisagens e fotos prováveis, imaginávamos o requinte dos pratos e a primeira
matéria no jornal local. Imaginávamos a terrível conta telefônica e a imensidão
de e-mails. Voltávamos para o filme, a caixa de chocolate ou aquela música de
sempre.

E voltava a ser um plano. Ia direto para a minha caixinha de coisas. Só abro quando me convém.

Imagine where you are. There's oceans in between us. But that's not very far ...

'Cause I am lost without you
E o tempo em Amsterdã?
Chuva também?
(i miss you)


Por Jéssica C. Nº 3

27/01/2008

Por Jéssica nº 2 ( Trecho de discurso de Steve Jobs, o criador da Apple, para os formandos de Stanford)

Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia.
Você tem que descobrir o que você ama.
Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

28/01/2008 Início do primeiro semestre do curso de Relações Públicas. "Aquilo que EU AMO!"


19/01/2008

Mulher, sua Origem...

Existem várias lendas sobre a origem da Mulher. Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher. E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor enquanto ele convalescia da operação. Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criação estourado,

fez o homem às pressas, pensando "Depois eu melhoro", e mais tarde, com o
tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que é "melhor" em
aramaico.


Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora. Zeus teria arrancado a mulher de sua própria cabeça. Alguns povos nórdicos cultivam o mito da Grande Ursa Olga, origem de todas as mulheres do mundo, o que explica o fato das mulheres se enrolarem periodicamente em pêlos de animais, cedendo a um incontrolável impulso atávico, nem que seja só para experimentar, na loja, e depois quase desmaiar com o preço. Em certas tribos nômades do Meio Oriente ainda se acredita quea mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu mestrede todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual. No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já dekimono. E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele etipo de massagem. Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver com a verdade científica. ( Luis Fernando Verissímo - Mulher sua origem e seu fim - Trecho)

Por Jéssica - nº1

Quando decidimos criar o blog, Anna e eu já tínhamos quase tudo em mente.
Adiamos uns dias, enrolamos alguns outros.
Finalmente ele está aqui.
A etapa da criação foi simples, já que na maioria das vezes concordamos em tudo. Cor , letra, layout, texto e imagens.
O único impasse foi a escolha do nome.
Pensei o tempo todo em café ou algo que lembrasse a minha
paixão pelo grão.
Desisti, já que não combina com o perfil sonolento de mina irmã (?), sendo ela uma garota que se encanta por travesseiros, almofadas, lugares fofos e convidativos para alguns minutinhos de sono. Que na maioria se estendem para horas de
sono.
Chegamos a Papéis Avulsos, mas o fato de ser o nome de um livro do nosso maior autor nacional, nos deixou com a sensação de que aquilo nos
traria um peso.
De falta de criatividade plena ou de que algo aqui pudesse se comparar com as crônicas do livro.
Resumindo, descartou-se a possibilidade.
Pensamos em
Supernovas. Confesso que este me coube perfeitamente.
Alguém já se abrilhantou com a mesma idéia.
Idéias Soltas, Achados e Perdidos, queríamos algo que envolvesse os nossos nome ou algo que fosse notável e inegavelmente a nossa cara. (Depois dessa frase, o comentário: se tiver que ter a nossa cara, há de ser bem lindo)
Pronto.
Costelas de Adão.
Independente de crenças, decidimos por este nome por ser
algo que se associa imediatamente a imagem feminina. Por ser justo e específico.

As idéias ficam borbulhando aqui em mim, como diria amigo jornalista de
voz apreciável. Eu diria até mais. Diria que as
idéias borbulham incansavelmente.
Me conforta saber que poderei escrever por horas e impedir que todas as palavras se percam sem destino. Coisas boas, interessantes ou não.
Me questiono porém, se vou perder a mania dos papeizinhos coloridos que se amontoam na minhas milhares de caixas porta-tudo.
Me questiono principalmente sobre a minha inseparável lapiseira 0.7.
Prata com bolinhas cor-de-rosa.

Música de hoje: (porque decidi que todos os dia terão sua música específica)
Slip inside the eye of your mind.
Don't you know you might find
A better place to play
...
She knows it's too late as
she's walking on by
My soul slides away
But don't look back in anger
Don't look back in anger
I heard you say
At least not today ( Don’t loock back in anger – Oasis)
“ Não olhe para trás com raiva . Pelo menos por hoje".