23/03/2009

C.C.B.

De Perdição
Chorava, chorava! Assim eu lhe soubesse dizer o doloroso sobressalto que me causaram aquelas linhas, de propósito procuradas, e lidas com amargura e respeito e, ao mesmo tempo, ódio. Ódio, sim... A tempo vereão se é perdoável o ódio, ou se antes me não fora melhor abrir mão desde já de uma história que me pode acarear enojos dos frios julgadores do coração, e das sentenças que eu aqui lavrar contra a falsa virtude de homens, feitos bárbaros, em nome da sua honra.
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De Salvação
Além de que a felicidade, como história, escreve-se em poucas páginas: é idílio de curto fôlego; no sentir intraduzível da consciência é que ela encerra epopeias infinitas - enquanto que a desgraça não demarca balizas à experiência nem à imaginação.
Para o amor maldito, duzentas páginas; para o amor de salvação; as poucas restantes do livro. Volume que descrevesse um amor de bem-aventuranças terrenas seria uma fábula.
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"Inevitável. Já não lhe adiantava insistir em negar por todas as vezes. Era repetido, incansável e latente. Desta vez, não havia provérbio chinês que lhe coubesse, não possuia fragmentos que lhe bastassem. Suas linhas já estavam gastas. E o que lhe foi previsto, desde o início, agora se fazia declarado. O estrago anunciado agora se fazia confesso."
"Duzentas Páginas"

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