10/06/2010

30/05/2010

comme la musique


E assim, em um discurso quase secreto, previsto e confesso, vejo o nome sair dos lábios, maravilhar pelos ouvidos, instaurar pela memória, fotografar em portas retratos. De todos os nomes, para sonhar somente este: tão seu. Passa pelas chaves, pelos portões, atravessa paredes, encanta os travesseiros. V de virtude, V de vertigem, V do vermelho. E de fazer uns gestos e de dizer palavras sobre as coincidências das mãos e da pele, dos domingos, dos cafés que são chá. Da respiração espartilhada, são os instantes de ir e vir, de partir o fôlego, um desejo latente de pura inspiração. "Connaîtrai un bruit de pas qui sera différent des autres. Les autres pas me font rentrer sous terre. Le tien m'appellera hors comme la musique". Vírgulas de um conto de encanto surreal e anunciado.

17/05/2010

TARAMIS BETHKE NAJAR

Maybe you're the same as me
We see things they'll neve see
You and I gonna live forever
(LIVE FOREVER)

Tamiris da minha vida.

Já escrevi várias palavras, letras e linhas para você. Cartas de despedida, legendas de nossas fotos, recordações de guardanapo em tinta vermelha. Hoje,dezessete dias de maio, seus vinte anos, outras frases para dizer o quanto eu te amo, amiga. Minha melhor amiga.

Gostaria poder cantar um parabéns à você. Abraçar você, nesta data que planejei tanto, esperei tanto. Se a distância me impede, insisto em sempre gritar que quilômetros são apenas uma extensão de centimetros. Gostaria de te dar um presente, papel colorido, fita de laço em cetim. Mas, como te amo, ficará em mim, assim como sei que estará em você para sempre. Nos dias, tardes, muitas noites que se passaram e em todos os dias de maio de nossas vidas.
Quero em um desejo latente que você seja feliz. Uma boa doutora das leis, do juízo, dos cógigos penais. Uma mulher ainda menina, guardando para sempre, intacta, a sinceridade de suas palavras, o imã de seu olhar, a alegria simples de seus gestos, a vontade de batatinhas, sorvetes, receitas de miojo. Continue a se esquecer de onde estão as coisas, chaves do carro, lacinhos de cabelo e assim, permaneça no encanto singular que é.
Continue falando sem parar, irritando-se sem parar. Faça planos de vida. Espanhol, francês, latim. Restaurante japonês.
Viva entre o trânsito, os livros, o Beppo, entre a pressa e os jantares, entre as noites em claro com entre um nextel e outro. E se de fato, todas as coisas podem te fazer sofrer, saiba que te cabe escolher somente por quem vale a pena chorar. Mantenha-se perto de quem te faz forte. Pá, Mã, irmão bravo, irmã linda, irmão mais velho. Sobrinho, namorado-príncipe-pipoca. Amigos de 2009, amigos de 2010, amigos de sempre. É a fonte que nunca cessa. O amor é mesmo a única razão fundamental de nossas vidas. É inerte aos maus dias, sempre nos fazendo esperar pelas boas noites. Tara, tarinha... Das minhas lágrimas de saudade, faço as minhas palavras. Desta vez, não as confundo. São lágrimas boas de se chorar. Estarei com você para sempre. Aqui, aí. Em qualquer lugar. Minhas lembranças são as suas lembranças. A sua felicidade é a minha felicidade, e que isso me baste para confortar a distância desses dias que passo sem você. Serei a professora dos seus filhos e que isso me faça entender que esses anos que passarei sem você, valerão o esforço e a dor por todas as nossas vidas.

Te amo, de novo, como sempre.
Parabéns a você, nesta data querida.
Feliz Aniversário: todo o amor deste mundo para você.
Saudades, Jézinha.

28/04/2010

de Roda, Canção. -


Com a raiva de alardear demônios, nada havia a ser dito, além de todas as palavras que já estavam instauradas ali. Nada a fazer-se, sem que mais nada restasse a pensar-se. Feriu-se o bichano. Em pelos curtos, vidas incontáveis. Somadas, de múltiplas fazem-se infinitas.
Pela sorte dos anjos, ou azar de mundos, que não este, permaneceu. Ali.

Permaneceu ali, como já prostara-se em outras horas. Horas doces e amargas, outros novelos, novas lãs. E olhava. Olhava com os olhos de olhar a alma. Olhar vidraças, janelas. Alguns muros, tantas noites e pares de ruas.
Francisca, outra de nossas Marias, mães e tias, pôs-se a contemplar. E contemplava por admirar. Além dos olhos, o animal nada fazia. Não retorcia, não cantava, não sorria. Miava.
Como os gatos fazem sempre, miar.

Jéssica C.

27/04/2010

Pausa.

PRIMEIRA PARTE
Até os dezessete anos, amei os diários. Tesouros de baú.
Literalmente.
Hoje empoeiram-se em um retrato puro e nostálgico do que passou, e não volta. É repetido, ma s que contraria?
Não quero escrever sobre a mudança que ainda dói, as novas cores de minhas paredes. Não quero escrever que aqui, nada de linhas de trem, minha igreja e o sinal de glória. Nada de oitenta e cinco, degraus e calçadas.
Quero escrever mesmo, sobre o meu curso, Letras. Finalmente.
Outro clichê: antes tarde do que nunca, minha neta.
Eu nunca tive a pretensão de sentar-me ao lado de um Camões. Muito menos que Pessoa me explicasse porque a chuva o deixa molhado e a Alberto, triste. Mas, preciso confessar: tenho fotogramas confusos deste filme que estou vivendo, que somados, são maiores que alfabeto. O nosso, o grego, todos os outros. São dias em que as letras se estendem em minha mente. Ensaiam passos e dançam falsas valsas. Me perco em meus próprios verbos, no meu passado, no meu presente, no meu futuro, para depois me achar em cada um deles. Perfeitos ou não.

Decido. Pela língua, pelos advérbios, pelos poemas, todos os romances: iria novamente a qualquer outro lugar.

SEGUNDA PARTE
Sabe aquela musiquinha: festa estranha com gente esquisita?
Pois é! Não aconteceu. Os estranhos estão imersos no maravilhoso do desconhecido. Mesmo que tão singulares, nada esquisitos. A pequena que me apelidou do que hoje virou o meu nome, é tão essencial quanto o silêncio e o barulho. Dos músicos, o que seríamos sem? A fotógrafa é gastrônoma, é menina, é mulher. É preto e branco, é colorido, açúcar puro. Me adivinha os pensamentos, me sublinha os guardanapos. Com Diva viajo em balões tranquilos. Com Bruno, penso que tudo pode ser. Ou não. E sempre estará tudo bem. Marcio é o sereno, que agita os nervos, os ouvidos. Caio é desfibrilador. Energiza. Samuel poderia mesmo ter vários nomes, tendo sempre suas filhas do vento. Luiz é o sorriso que emoldura palavras. Retratos que não quero pensar. Diego é a inércia de tudo aquilo que procuramos por nos fazer bem.
Em todo o canto, por todo o encanto.

(Tão bem quanto os que ficaram, a "parte do que sempre me fez forte". Tara, Thiago, Marília, Julia. E por vocês: toda saudade deste nosso mundo)

10/02/2010

Não morda a maçã, Eva.


E se assim me perguntassem, entre um café ou os segundos do elevador, o que me atormenta nesses dias, além do sol estandarte das tardes, a resposta viria em verso desacompanhado de melodia, novamente: Viver está me deixando louca.
São dias que permaneço na inércia da espera. Caso me venha o perverso, o amaria, para fazer valer o costume. Se me vier o são, não o detestaria, mas a conversão viria em doses que jamais serão remédio. Na intenção ou nos amores, há sempre o pecado disfarçado em seda pura, e ainda vale o que já foi dito: há mais alegria pelo arrependimento de um pecador, do que por cem justos que jamais pecaram. O mal nada é senão pura vaidade.*
Nestes dias, a salvação me levaria aos céus, a tentação, um andar abaixo. Das minhas palavras, faria um discurso republicano, cartão de aniversário, pedido de trégua ou acordos de guerra.
À espera. –
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* A Dama das Camélias, Romance Francês.

Paciência

Enquanto os planos para 28, 29, 30, são desfeitos em milhares e escapam pelas cortinas, como se ali não desejassem estar, outros de arranjam pela tela multicolorida. Multiplicam-se em meio às cartas que você diz não achar que valem o tempo. De nenhum modo. No way. E assim está feito, sem que nada mais me reste: muitos quilômetros em suas variações de alguns centímetros e planos desfeitos. “NOT”.
Em uma nova ordem, os fotogramas deste coração quase nada conceitual, e por horas, não coração, repetem cenas já vividas. Lágrimas novas com algumas dores já antigas. Empoeiradíssimas, não demoram em se repetir. Posso imaginá-lo: Você não se cansa? A aflição reajusta os desvios, o remorso castiga a culpa.
Ou, ficou difícil, tudo aquilo, nada disso. Sobrou meu velho vício de sonhar - Precipício em precipício.

Avesso

Depois do blues e as madrugadas, achou que mal não faria em deixá-lo. De uma vez, e dessa, para sempre. Há meses discutia com o analista se haveria mesmo amor, ou se o tudo somente era canção, vinho e lençóis convidativos. Freud explica e para todo o resto, metafísica. Noites atrás puseram-se os olhos uns sobre o outro e em uma manhã acharam que seria eterno. Lembrou da célebre: às vezes acaba o amor como se fosse melhor nunca ter existido. E decidiu, seria o fim. Não há análise possível para certas pretensões.
Ele, enlouqueceu. Os homens enlouquecem, todos sabem. Espatifam os retratos, rasgam os contos e suas eternas coincidências lastimáveis. Ela o deixou, enquanto as frases de misericórdia esbarravam na ausência absoluta de lágrimas de adeus. “E de que adianta tanta mobília?”
Nos cafés, amigos irão discursar: - Houve o tempo em que ela o amou, de verdade. Mas deste jeito que as novas mulheres amam. Em uma bela manhã acordam e já não amam mais, não há o que ser feito.
E depois dos cafés, martinis infalíveis para todos os tempos. Irão esquecer.