10/02/2010

Avesso

Depois do blues e as madrugadas, achou que mal não faria em deixá-lo. De uma vez, e dessa, para sempre. Há meses discutia com o analista se haveria mesmo amor, ou se o tudo somente era canção, vinho e lençóis convidativos. Freud explica e para todo o resto, metafísica. Noites atrás puseram-se os olhos uns sobre o outro e em uma manhã acharam que seria eterno. Lembrou da célebre: às vezes acaba o amor como se fosse melhor nunca ter existido. E decidiu, seria o fim. Não há análise possível para certas pretensões.
Ele, enlouqueceu. Os homens enlouquecem, todos sabem. Espatifam os retratos, rasgam os contos e suas eternas coincidências lastimáveis. Ela o deixou, enquanto as frases de misericórdia esbarravam na ausência absoluta de lágrimas de adeus. “E de que adianta tanta mobília?”
Nos cafés, amigos irão discursar: - Houve o tempo em que ela o amou, de verdade. Mas deste jeito que as novas mulheres amam. Em uma bela manhã acordam e já não amam mais, não há o que ser feito.
E depois dos cafés, martinis infalíveis para todos os tempos. Irão esquecer.

Nenhum comentário: