18/08/2008

complacência e isotretinoína

fragmentos nº2

Atravesso a noite com um pensamento (Y) contínuo e que não se resolve.
É como um verso desacompanhado de sua melodia. Latente e incansável.
Nada funciona. Os sinos, os trens e os trilhos, as luzes, os carros lá embaixo. As madrugadas e os telefones. Nada resolve. É um novo mal lugar disso tudo. "A alegria e a dor não vêm por si; respondem ao chamado dos homens", diz um outro provérbio chinês.

Enquanto algumas coisas mudam tanto e a toda hora, outras ainda continuam intactas.
Imóveis como riscos na parede ou relógio sem pilhas.
Todos os desejos, que aos pares desfilaram depois das escadas, ainda estão aqui, por esperar e esperar. Por uma nova noite. Outra delas, que não seja somente dos verbos. Com maiores pausas entre as frases, as sílabas e as palavras. Pausas dos beijos de estar, os de ir e os de vir.

Todo o sentimento (como este), que não busque a sua razão em todos os segundos, não pode assim ser chamado. É apenas um emaranhado limitado, que deterioriza a fonte fazendo-a secar. É melhor que não seja proclamado.
(F. Y. - You remain my power, my pleasure, my pain
...like a growing addiction that I can't deny)